sexta-feira, 13 de julho de 2018

Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá


Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá

Toda vez que eu leio um livro, eu me lanço. É. Eu caio. Pois é. Eu salto alto. Não quero nem saber. Escangalho o pé Confortável tem de ser a cama, não a leitura. Eu sempre penso isso da Literatura. Eu aprendi isso na marra. Gosto de livro que me dá tapa na cara. Cada página, um tapa. Pá, pá, pá, pá, pá palavra. E essa a minha guerra. Uma pauleira os parágrafos. E é assim que eu escrevo também, que eu tento escrever. Descrever o mundo. E não venham me dizer que eu escrevo sobre violência. Escrevo “sob” violência. Essa é a minha dança. E contradança também. Meu livro de contos BaléRalé foi meio isso. Esta vingança que eu falei. O livro foi publicado pela Ateliê Editorial em 2003. E agora chega esta peça de mesmo nome. Desde o ano passado que entrou em temporada essa encenação do premiado grupo carioca Teatro de Extremos. É de tremer. Eu próprio, sabendo o que escrevi, tremi. Porque cada ator ali sente o que está dizendo. A gente não escreve só com as mãos. É com o corpo inteiro. E a encenação é esse espelho de mim. Um espetáculo de corpo inteiro, bem brasileiro. A gente, todo mundo enforcado na corda-bamba. No limite entre a vida e morte. A gente é forte. Depois de um livro, a gente se sacode. Depois de uma peça assim a gente sobrevive. A arte faz isso. Não é acordar do sono, a saída é despertar. O que procuro, quando vou aos livros, é este movimento. No teatro também, cada um com seu formigamento. Meu muito obrigado, queridos Parceiros-Extremos.

Marcelino Freire (no encarte da peça BaléRalé)

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