Pá, Pá, Pá, Pá, Pá, Pá
Toda vez que eu leio um livro, eu me lanço. É. Eu caio. Pois é. Eu salto alto. Não quero nem saber. Escangalho o pé Confortável tem de ser a cama, não a leitura. Eu sempre penso isso da Literatura. Eu aprendi isso na marra. Gosto de livro que me dá tapa na cara. Cada página, um tapa. Pá, pá, pá, pá, pá palavra. E essa a minha guerra. Uma pauleira os parágrafos. E é assim que eu escrevo também, que eu tento escrever. Descrever o mundo. E não venham me dizer que eu escrevo sobre violência. Escrevo “sob” violência. Essa é a minha dança. E contradança também. Meu livro de contos BaléRalé foi meio isso. Esta vingança que eu falei. O livro foi publicado pela Ateliê Editorial em 2003. E agora chega esta peça de mesmo nome. Desde o ano passado que entrou em temporada essa encenação do premiado grupo carioca Teatro de Extremos. É de tremer. Eu próprio, sabendo o que escrevi, tremi. Porque cada ator ali sente o que está dizendo. A gente não escreve só com as mãos. É com o corpo inteiro. E a encenação é esse espelho de mim. Um espetáculo de corpo inteiro, bem brasileiro. A gente, todo mundo enforcado na corda-bamba. No limite entre a vida e morte. A gente é forte. Depois de um livro, a gente se sacode. Depois de uma peça assim a gente sobrevive. A arte faz isso. Não é acordar do sono, a saída é despertar. O que procuro, quando vou aos livros, é este movimento. No teatro também, cada um com seu formigamento. Meu muito obrigado, queridos Parceiros-Extremos.
Marcelino Freire (no encarte da peça BaléRalé)
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