quinta-feira, 20 de outubro de 2022

JACINTA ESCUDOS


Jacinta Escudos, nascida em San Salvador, é uma escritora cuja obra inclui romances, contos, poesia, não-ficção criativa e crônicas jornalísticas publicadas em jornais da América Central como La Nación (Costa Rica), La Prensa Gráfica (El Salvador) e El Nuevo Diario (Nicarágua). Embora ela escreva principalmente em espanhol, ela é fluente em inglês, alemão e francês, tendo trabalhado como tradutora por vários anos. Ela viajou extensivamente e viveu em vários países da América Central e na Europa. As pluralidades dessas fusões culturais e geográficas se manifestam em sua produção literária e pensamento intelectual. Seu romance, A-B-Sudario (Alfaguara, 2003), recebeu o Prêmio Centroamericano de Ficção Mario Monteforte Toledo (Prêmio Centroamericano de Novela Mario Monteforte Toledo). Ela também recebeu residências de La Maison des Écrivains Étrangers et des Traducteurs em Saint-Nazaire, França e Heinrich Böll Haus em Langenbroich, Alemanha.

Embora seja um autor prolífico com muitas publicações, a maioria da obra de Escudos permanece inédita. Apesar dos meios frequentemente limitados de circulação literária na América Central, alguns dos trabalhos inéditos de Escudos foram reconhecidos. Em 2002, por exemplo, Escudos ganhou um concurso nacional em El Salvador, o Décimo Concurso Literário Anual de Ahuachapán (Décimos Juegos Florales de Ahuachapán) por seu livro Crónicas para sentimentales.

A voz narrativa de Escudos se envolve com formas e técnicas experimentais. Essa experimentação é intencional, que estrutura e situa seu trabalho pela abertura de possibilidades em relação à individualidade e ao espaço. Essa voz narrativa e sua relação com outros mapas literários é demonstrada na atual participação de Escudos na blogosfera. Seu blog oficial, Jacintario, é uma mídia atualizada regularmente – uma extensão da escrita de Escudos que funciona como uma forma de expressão diária onde a voz e o conteúdo do autor variam. Como revista cultural online, Jacintario contribui para a blogosfera não apenas por ser uma produção de uma eminente figura literária, mas pelo imediatismo e acesso que o blog oferece em relação a um gênero em formação.









PUBLICAÇÕES

Maletas perdidas (crónicas de viaje), libro electrónico (autopublicación), San Salvador, 2018.

Maletas perdidas (crónicas de viaje), Los Sin Pisto, San Salvador, 2018.

El asesino melancólico (novela), Alfaguara, México, 2015.

-Crónicas para sentimentales (cuentos), F&G Editores, Ciudad de Guatemala, 2010.

El Diablo sabe mi nombre (cuentos), Uruk Editores, San José, Costa Rica, 2008.

A-B-Sudario (novela), Premio Centroamericano de Novela “Mario Monteforte Toledo” 2002, Alfaguara, Guatemala, 2003.

Felicidad doméstica y otras cosas aterradoras (cuentos y crónicas), Editorial X, Guatemala, 2002.

El desencanto (novela), Dirección de Publicaciones e Impresos, San Salvador, El Salvador, 2001.

Cuentos sucios (cuentos), Dirección de Publicaciones e Impresos, San Salvador, El Salvador, 1997.

Contra-corriente (cuentos), UCA Editores, San Salvador, El Salvador, 1993.

Apuntes de una historia de amor que no fue (novela corta), UCA Editores, San Salvador, El Salvador, 1987.



HORROR, TEU NOME É MULHER (Carlos Castelo sobre literatura feminina fantástica na América latina)


 

Horror, o teu nome é mulher

POR CARLOS CASTELO

14/10/2022, 08h00

Mais uma área onde as mulheres brilham.

(Rawpixel)

Desde a mais tenra idade tenho uma queda pelas narrativas de horror. Comecei assistindo escondido, em companhia de minha babá, a série Além da Imaginação. Aquilo, em meados dos anos 1960, era algo perturbador até para adultos mais sensíveis, quanto mais para um molecote frágil dos pulmões feito eu.

Ao ser flagrado por minha avó vendo um episódio sobre rapto de humanos por alienígenas, fui obrigado a pegar mais leve. O máximo de adrenalina permitida era acompanhar Combate, estrelado por Vic Morrow – o memorável sargento Chip Saunders. Adorava as partes em que os ianques, a seu comando, detonavam os nazis à base de metrancas, granadas e baionetas.


A curtição, entretanto, não duraria muito. Logo estava de olhos fixos, naqueles horários em que os familiares dormiam, nos Drácula, de Vincent Price, e nos Frankenstein, de Boris Karloff. Todos na Sessão Coruja, da Mamãe Globo.

Foram tantos os longas que acabei enjoando o gênero por um bom tempo. Na sequência, porém, optei por conhecer as obras macabras da Literatura. Frequentei as páginas de Poe, Lovecraft, Bierce, Hoffmann, Machen e os incluídos na Antologia da Literatura Fantástica, encabeçada por Jorge Luis Borges.

Com a chegada dos streamings voltei a me interessar por filmes e séries amedrontadoras. Só que, para achar um grão de trigo em meio ao joio de ruindade, é necessária uma tremenda garimpagem. Quase tudo é sem noção e, em especial, sem qualquer verossimilhança. Basta ver as notas do IMDb para thriller e horror. Se achar algo acima de 6.5, você está diante de um bilhete premiado.

Não se pode afirmar o mesmo da literatura fantástica da contemporaneidade. Notadamente, a que está sendo gestada por certas autoras latino-americanas. São elas: Samanta Schweblin, Giovanna Rivero, Mariana Enríquez, Mónica Ojeda, María Fernanda Ampuero, Fernanda Melchor, Pilar Quintana, Dolores Reyes, Liliana Colanzi e Jacinta Escudos.

Todas, menos a salvadorenha Escudos e a boliviana Colanzi, já estão com livros lançados no Brasil.

O que as une é um modo particular de expressar o esdrúxulo. O que vem primeiro não é um horrendo episódio sobrenatural, mas a hedionda realidade de seus países. A decadência de bairros inteiros numa capital federal, tráfico de pessoas, rinhas de galo, escolas para garotas da elite onde estas praticam atos sórdidos umas contra as outras.

Outra similaridade é a mirada feminina em relação ao horripilante. Muitos se perguntam como tantas escritoras do nosso continente surgiram, num tempo relativamente curto, produzindo histórias tão cruas e atrozes?’

Em entrevista ao jornalista Rodrigo Casarin, Samanta Schweblin deu uma boa pista:

“Viemos todos de países latino-americanos que foram e seguem sendo sistematicamente violentados pelas políticas externas e internas, pelas maneiras como nossas histórias têm sido manipuladas, fomos e seguimos sendo saqueados por mais de 500 anos. E o pior é que normalizamos grande parte disso tudo. Do que mais escreveríamos senão a partir do insólito e do horror?”.

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